Os Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho (FRPRT) são o assunto do momento e nada melhor que mais um artigo sobre o tema, para tentar resolver as dúvidas dos profissionais de Ergonomia e empresas clientes.
Ergonomista, gostou do nosso primeiro artigo sobre o assunto? Se não leu, pare agora de ler este e volte lá… Este é continuidade do primeiro… Inclusive, este é o 5º artigo sobre os FRPRT. Não leu os outros, então volte no primeiro e comece a leitura: você não vai se arrepender!
Continuando o assunto dos Mitos sobre os FRPRT, a intenção aqui é tentar eliminar algumas dúvidas frequentes a respeito deste fatores de riscos.
MITO: Treinamento resolve todos os problemas relacionados aos FRPRT
Claro que é mito! Vamos por partes, para começo de conversa, o treinamento não pode ser a única medida de prevenção e controle existente, COMO MUITOS “ERGONOMISTAS de araque" sugerem nos PGRs, AEPs e AETs da vida…
O que vemos hoje, quase sempre:
Hoje, quase tudo acaba em treinamento e da mesma forma que já não funciona hoje para eliminar ou atenuar um risco, não vai funcionar com os FRPRT.
Sempre brinco assim: se tenho uma situação de trabalho em altura, não basta eu treinar o trabalhador, falando para ele “não chegar na beiradinha” ou mostrando que ele pode morrer se cair daqui, preciso das outras ações de melhorias!
Vamos lembrar do que diz a NR 01 sobre treinamento:
1.4 Direitos e deveres
1.4.1 Cabe ao empregador:
b) informar aos trabalhadores:
I. os riscos ocupacionais existentes nos locais de trabalho;
II. as medidas de prevenção adotadas pela empresa para eliminar ou reduzir tais riscos;
c) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos trabalhadores;
1.4.2 Cabe ao trabalhador:
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança
Estes itens citados acima são repassados aos trabalhadores dentro dos treinamentos, seja de integração, operacionais, periódicos e até os Treinamentos Ergonômicos.
g) implementar medidas de prevenção, ouvidos os trabalhadores, de acordo com a seguinte ordem de prioridade:
I. eliminação dos fatores de risco;
II. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva;
III. minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho; e
IV. adoção de medidas de proteção individual.
Este item mostra que não devemos colocar o treinamento (que é uma medida administrativa, ou seja, depende do “comportamento” do trabalhador) como única estratégia e que devemos cumprir essa (famosa e pouco respeitada) hierarquia de medidas de controle e prevenção. Claro que não há problema implantar primeiro o treinamento (quase sempre mais fácil, mais ágil, mais barato), mas o Ergonomista não deve esquecer-se das demais propostas de melhoria, as que têm verdadeiro potencial para eliminar ou atenuar os Fatores de Riscos Psicossociais do Trabalho.
Para saber resolver, é preciso entender do fator de risco, para saber como identificá-lo, avaliá-lo e como tratar dele depois… Se você não sabe como fazer isso, conheça nosso Curso de Avaliação e Intervenção sobre os Fatores de Riscos Psicossociais do Trabalho, um curos que mostra:
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Claro que o treinamento é importante e deve sempre ser feito, mas como um treinamento vai resolver um problema de uma meta apertada, em que a parada de máquina e a falta de matéria prima faz gerar esse aperto?
Então indique o treinamento (registre formalmente, com assinatura do trabalhador, com certificado para o trabalhador e um para armazenar na pasta dele, na empresa), mas não deixe de se atentar com as demais ações de melhorias.
MITO: Tratamento psicológico (“terapia”) para os funcionários resolve todos os problemas relacionados aos FRPRT
Outro mito! Usando ainda o exemplo que demos acima: como o tratamento com um psicólogo vai resolver um problema de uma meta apertada, em que a parada de máquina e a falta de matéria prima faz gerar esse aperto? Não vai!
Por falta de saber o que fazer com os FRPRT, as empresas têm criado o serviço de atendimento psicológico ao funcionário. Claro que essa inciativa é MARAVILHOSA! Quem dera se as empresas tivessem um psicólogo ou uma psicóloga para atender os funcionários, para as questões individuais relacionadas à vida diária, trabalho, família e em relação ao próprio ser. Seria incrível! Mas isso não resolve a MAIOR PARTE dos FRPRT.
Um trabalhador que sofre assédio não tem seu problema resolvido “só” com terapia… Se a causa do assédio não for resolvida, não adianta ele passar pela melhor terapia do mundo, todos os dias…
Fazer terapia deveria ser lei (todo mundo tinha que ser, pelo menos, avaliado, por um psicólogo ou psicóloga), mas essa ação não garante em nada a eliminação ou atenuação dos FRPRT.
Uma psicóloga que trabalhe com Ergonomia tem um potencial infinitamente maior de resolver os FRPRT do que uma psicóloga que faz terapia dentro da empresa.
MITO: Posso usar minhas “´ótimas ideias” para solucionar os FRPRT
É cada uma… Essa é mito de cara…
Mas tem cada ideia mirabolante…
Escreva aqui nos comentários alguma ideia mirabolante que você ouviu falar para “resolver os FRPRT”.
Todas essas são ideias péssimas, que não servem para nada… As propostas de melhorias para os FRPRT têm que ser propostas:
Dizemos isso, pois mesmo que cumpram os dois primeiros requisitos acima, podem ser ideias que não vão se adaptar à realidade do seu cliente, por “N” motivos.
Uma grande ideia é adquirir nosso MANUAL DO ERGONOMISTA PARA FATORES COGNITIVOS E PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO, uma referência que não pode faltar para quem atua com Fatores de Riscos Psicossociais.
Nele você tem tudo sobre os 21 fatores de riscos psicossociais (e mais 12 cognitivos), com centenas de referências técnicas e científicas sobre o assunto, em quase 1.000 páginas, além de modelos, fluxogramas e ferramentas ergonômicas.
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MITO: Identificar o fator de risco é a mesma coisa que identificar as causas do fator de risco
Mito!
Essa é uma questão que está acontecendo demais e muitas empresas não estão conseguindo perceber: profissionais estão sendo contratados para avaliar os FRPRT e estão “apenas” identificando, com questionários ou ferramentas.
Identificar a existência de um fator de riscos é importante, mas é um PRIMEIRO PASSO apenas… Tem muita coisa para ser feita após se identificar que um fator de risco existe, como entender a organização do trabalho e como ele está envolvido nisso ou quais suas causas principais…
Muitos profissionais estão aplicando um checklist ou a ferramenta “TAL” e chamando isso de ”avaliação dos fatores de riscos psicossociais do trabalho”... E se aparece, neste questionário, o item “assédio moral”, você aponta? Sem entender do que se trata? E qual será sua proposta de melhoria? Será sempre a mesma para todas as empresas que possuem este fator de risco?
Todos esses são erros que estão sendo cometidos agora e vão ficar cada vez mais frequentes, à medida que os profissionais vão querendo oferecer um serviço mais barato (o que fará faltar qualidade, claro).
Mudando um pouco de assunto, temos um mini-curso baratinho sobre o tema COMO SE DEFENDER DA CONCORRÊNCIA DESLEAL EM ERGONOMIA, com materiais que vão, de fato, te dar poderes para se defender de concorrentes que cobram preços irrisórios e entregam serviços de má qualidade.
O profissional de Ergonomia deve entender o fator de risco e entender suas causas, dentro das características da organização do trabalho, pelo menos em relação a:
MITO: Não é preciso submeter os FRPRT ao processo da NR 01 e à matriz de risco
Mito. De fato, é possível resolver as questões psicossociais do trabalho sem se pensar em Severidade, Probabilidade ou se graduar dentro da Matriz de Risco.
Mas como estamos no Brasil e isso está está ligado às questões de legislação trabalhista, a empresa é obrigada a cumprir a NR 01 e NR 17, aplicando sua metodologia à avaliação dos FRPRT, bem como dos outros fatores.
Agora, se hoje os profissionais têm dificuldade de entender a matriz de risco dentro dos riscos ergonômicos “mais comuns” “biomecânicos, de mobiliário, de transporte de carga e ambientais), imagina isso nos Fatores Cognitivos e Psicossociais… Vai dar muito problema isso…
Se reconheceu? Então te convidamos para nosso CURSO DE AVALIAÇÃO ERGONÔMICA, da Universidade ifacilita. Nele, temos 3 grandes módulos:
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MITO: Em todas as atividades existem demandas psicossociais. Verdade. Mas nem todas são riscos e nem todas um risco considerável.
Mito!
Todas as atividades de trabalho geram demandas físicas, fisiológicas, cognitivas e psicossociais sobre os trabalhadores, mas nem todas devem ser “atacadas”.
No mundo real, as empresas têm centenas de ações de melhoria para resolver dentro do Programa de Ergonomia e o que deve ser atacado é o que for mais grave, que acometa mais trabalhadores… O profissional de Ergonomia não deve ficar se atentando às coisas menores, menos importantes, com menor potencial de gerar problema (e nem a empresa tem esse tempo e dinheiro disponíveis).
Daí a importância de se graduar os FRPRT dentro da matriz de risco, para saber o que deve ser atacado primeiro…
MITO: Os riscos psicossociais agem sozinhos e não tem relação com os demais fatores de risco
Claro que é mito! Nenhum fator de risco ocupacional age sozinho… Todos eles estão entrelaçados, como uma rede. É sabido também que, às vezes, para eliminá-los ou atenuá-los, o profissional de SST (dentre eles, você, Ergonomista) pode resolver um ou outro isolado, mas não devemos descartar a interação que existe entre eles.
Devemos sempre considerar essa interação, em especial dos fatores de riscos organizacionais e cognitivos com os psicossociais.
Uma situação de pressão por metas (FRPRT) pode estar relacionada à falta de entendimento do trabalhador em realizar a atividade por problema na comunicação (FR Cognitivo). Ou ao se cobrar uma meta de forma repetidamente ríspida, a ponto de gerar situações de assédio moral (FRPRT), o gestor pode gritar e esbravejar, a ponto de não conseguir passar informações importantes por estar gritando e sem falar algo que faça sentido (FR Cognitivo).
MITO: As empresas estão preparadas para lidar com os FRPRT
Taí um mito que está criando vários “especialistas em fatores psicossociais”... Neste momento, as empresas estão completamente perdidas no que fazer sobre os FRPRT e esse é um cenário perfeito não só para aproveitadores: também é um cenário ótimo para PROFISSIONAIS DE ERGONOMIA CAPACITADOS E COMPETENTES, que sabem entender o trabalho e identificar as causas dos FRPRT.
Ofereça seus serviços! Se mostre para as empresas!
Uma boa opção é oferecer capacitação (treinamentos, Workshops, chame como quiser) para os profissionais de SST e RH das empresas, sobre o tema e lá, você mostra o seu serviço! No mini-curso sobre mini-curso baratinho sobre o tema COMO SE DEFENDER DA CONCORRÊNCIA DESLEAL EM ERGONOMIA, temos um modelo de apresentação para esse seu Workshop.
MITO: Os(As) Ergonomistas estão todos preparados para lidar com os FRPRT
Esse também é um mito que precisamos de assumir: a maior parte dos Ergonomistas não está preparada para lidar com os FRPRT. Temos que fazer nossa “meia culpa”. Por anos, trabalhamos focados apenas em fatores biomecânicos, de mobiliário, ambientais e ignoramos (muitos nem conheciam) os FRPRT (além dos fatores de riscos cognitivos).
No eSocial a coisa já ficou complicada, mas agora, a área da Ergonomia vai exigir ainda mais de nós. Como sempre aconteceu, erros técnicos podem gerar multas inimagináveis e, para nós, impagáveis.
Temos que pensar: “O que eu sei hoje sobre FRPRT, é suficiente para eu atuar?”
Sinceramente, sem julgar, acho mais prudente você considerar que não e procurar estudar, conhecer mais sobre o assunto.
Aqui, no ifacilita Ergonomia, temos inúmeros conteúdos gratuitos que podem te ajudar, como nossos artigos no blog. Além disso, temos as lives que tratam do assunto e são importantes para você se desenvolver.
Agora, se quiser ainda mais, temos dois produtos que são incríveis:
Veja alguns depoimentos sobre o nosso Curso sobre os Fatores Psicossociais do Trabalho:
Para completar sua leitura, fizemos uma live ainda em Setembro de 2024 sobre o assunto e seria muito legal você assistí-la.
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Nosso próximo artigo sobre a série vai falar mais sobre a Avaliação dos FRPRT.
MITOS SOBRE OS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS AO TRABALHO 2ª parte - ARTIGO V
MITOS SOBRE OS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS AO TRABALHO 1ª parte - ARTIGO IV
QUEM DEVE AVALIAR OS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS AO TRABALHO
FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS NA AVALIAÇÃO ERGONÔMICA II
FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO NA AVALIAÇÃO ERGONÔMICA - I